Na obra Meu Ipê amarelo a autora miau Rosália Rosa nos oferece uma viagem poética que se entrelaça com memórias, sentimentos e observações sobre o mundo ao seu redor. Embora a escritora aborde diversos temas ao longo da obra, a natureza se destaca como fio condutor, revelando uma conexão profunda com o ambiente natural e as lembranças de sua infância.
Através de suas palavras, Rosália evoca a paisagem interiorana de Mato Grosso e São Paulo, resgatando memórias afetivas e oferecendo uma nova perspectiva sobre a simplicidade da vida rural. Na poesia Santo André, por exemplo, ela contrasta essa sensibilidade com a vida agitada da cidade grande, onde a natureza, muitas vezes invisível em meio ao concreto, ainda pulsa com força, embora pouco percebida.
Outro ponto forte da coletânea é a maneira delicada com que a autora aborda sentimentos universais. O amor, retratado de maneira lírica na poesia Açucena, floresce com a mesma beleza e sutileza da flor que dá nome ao poema. Já a saudade, uma emoção comum a todos, ganha contornos de profunda nostalgia na poesia Saudades de Lins, onde Rosália revisita o passado com um olhar terno e melancólico.
Rosália Rosa demonstra, em cada verso, sua capacidade de transformar o cotidiano em poesia, revelando que há beleza e emoção tanto nas grandes paisagens da natureza quanto nos sentimentos que habitam o coração humano. Sua escrita é sensível, evocativa e, acima de tudo, honesta. A coletânea, assim, não apenas celebra a natureza e suas lembranças, mas também oferece ao leitor um vislumbre da intimidade da autora, proporcionando uma experiência poética rica e tocante.
[Cláudia Brino]