A obra "Abolição, a Liberdade da Poesia Preta" do autor miau Eric Fanuel reverbera como um sopro de resistência e transformação, desafiando paradigmas eurocentrados e colonizadores que ainda permeiam a arte e a cultura. Mais do que propor uma descolonização teórica, o autor encarna em sua própria origem e processo criativo, a prática da troca, da escuta ativa e da convivência com povos sistematicamente marginalizados e invisíveis
Negros, indígenas, mulheres e pescadores artesanais emergem como protagonistas das narrativas de Fanuel, trazendo à tona suas lutas, saberes e expressões culturais. Suas histórias, permeadas pelo samba, pela fé e pelas atividades de subsistência que sustentam seus cotidianos, tornam-se testemunhos vivos de uma riqueza cultural muitas vezes silenciada. Cada gesto e cada palavra ecoam a força de um território simbólico que reside
Fanuel não apenas reivindica o reconhecimento desses povos e de suas manifestações como elementos fundamentais da história e da memória coletiva, mas também insere essas vozes como parte ativa de um discurso que nos convida a compensar nossas próprias estruturas de poder e privilégio. A obra é um manifesto de urgência, uma celebração das culturas populares e um tributo àqueles que constroem, com sua existência, o tecido da resistência.
Com uma escrita que é ao mesmo tempo poética e politicamente engajada, Eric Fanuel entrega uma obra de grande potência, capaz de nos deslocar e provocar reflexões profundas sobre o que escolhemos lembrar, celebrar e preservar. É uma criação que desafia, inspira e afirma: o futuro da arte está na escuta e no reconhecimento das vozes que por séculos não foram ouvidas.
[Cláudia Brino]
Estilo: poesia
Tamanho: 14x20
Capa: brochura
Páginas: 54
Ano: 2024
Editora: Costelas
Felinas
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