Simplicidade. Isso resume o que considero a grande sacada deste livro. É mesmo na simplicidade que vejo grandeza. Genialidade. Estamos em tempos de resumo, de se dizer muito em pouco espaço. Resumir o que um discurso diria. É isso que Sônia Monteiro faz nestes escritos ora engraçados, ora tristes e até dramáticos, mas na dosagem certa. Sem mais nem menos do que deveria. Suas palavras têm aqui, uma balança de precisão que faz dela uma espécie de química da palavra.
Leia também com simplicidade; sem investigações literárias;
sem buscas de falhas, de contradições,
pois a vida é assim; contraditória e bela como pode ser um livro de textos
soltos. A inspiração
se diferencia a cada texto, e o que hoje dizemos de uma forma poderemos
amanhã dizer de outra. Somos aquela metamorfose
ambulante que Raul Seixas fez e cantou.
Sônia
passeia em seus conceitos e não
se importa muito com os arrotos gramaticais e literários, porque resolveu tomar para si a
liberdade que os poetas têm
que ter, porque são os poetas que não seriam, se não fossem assim. Portanto, mais do que ler,
beba Sônia. Sonhe Sônia. Viaje com ela nestas linhas por onde a
viagem só vale a pena se o
percurso for natural; singelo; despretensioso; sem as ambições viciadas que já nos cansam. Só assim você poderá
conhecer a alma desta poeta.